E o Programa do Leite?

 

Mais de um mês se passou, algumas reuniões aconteceram, manifestações de todos os lados surgiram, mas a verdade é que até agora não houve avanços reais em relação ao Programa do Leite em Alagoas.

 

O problema é complexo, pois envolve muitos gargalos em todas as etapas do programa e necessita de uma integração séria e honesta entre governo do Estado, Ministério Público e cadeia produtiva.

 

No último mês, várias falhas vieram à tona: má qualidade do leite, problemas com distribuição, falta de pagamento pelo Estado, ausência de uma fiscalização mais presente e cotidiana.

 

O assunto causou algum furor e alguma atitude por parte da Secretaria de Agricultura e Agência de Defesa, mas que ação real foi tomada? Excluir dois laticínios que “escorregaram” na qualidade novamente? Qual o resultado das novas análises? O Estado passou a acompanhar de perto o processo de beneficiamento e entrega desse leite? 

 

Esse assunto é demasiado importante para desaparecer assim. É uma questão de saúde pública, da saúde de quem mais precisa. 

 

Enfim, uma boa notícia!

 

Um reconhecimento que chega numa hora importante. Após perder o apoio financeiro do governo do Estado – que nesta gestão não liberou um centavo sequer à instituição -, o Banco do Cidadão vai firmar uma parceria com o governo federal para operacionalizar uma linha de microcrédito para beneficiários do Bolsa-Família.

 

O novo programa deve entrar em operação até o final do ano, após a bancarização dos beneficiários, e tem como meta dar sustentabilidade às famílias atendidas por meio do estímulo à geração de pequenos empreendimentos.

 

Anteontem, uma comitiva formada por representantes da Caixa Econômica Federal (CEF), Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) e Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) esteve em Maceió para conhecer de perto a experiência e a metodologia que o Banco do Cidadão desenvolve em Alagoas há quatro anos.

 

O coordenador do Programa Nacional de Microcrédito Produtivo Orientado (PNMPO), José Humberto Lira, disse que o governo federal veio aqui ver de perto o que é possível ser feito para dar escala ao programa do banco e ampliar o atendimento à população carente. “O trabalho do Banco do Cidadão é digno de louvor por ser um programa de educação financeira. É uma iniciativa muito exitosa que precisa contar com o apoio de entes públicos, de mais agentes, para que cresça e seja um modelo”, afirmou Lira, após visitar clientes do banco.

 

A lógica de funcionamento do novo programa do governo federal ainda não está fechada. Não se sabe, pro exemplo, se algum banco oficial, como a Caixa, financiaria também esses microempreendedores junto com as Instituições de Microcrédito Financeiro (IMFs), como o Banco do Cidadão.

 

O presidente da instituição, Pedro Verdino, acredita que as IMFs deverão tocar sozinhas a iniciativa pelo fato de possuírem o instrumental para trabalhar com esse público. Um trabalho muito mais complexo, segundo ele, pelo fato de envolver uma preparação mais prolongada dos candidatos ao microcrédito.

 

“Esse é um público muito diferenciado do que é atendido pelo microcrédito tradicional. O tempo para qualificar essas pessoas é maior e o risco desse crédito também. É um programa perfeito para as IMFs não governamentais e aqui em Alagoas somos a instituição mais credenciada para fazer esse trabalho”, afirma Verdino.

 

A linha de microcrédito para os beneficiários do Bolsa Família será financiada pela Caixa Econômica Federal, que irá repassar os recursos às instituições responsáveis pelo programa em cada estado. Além do aporte para os financiamentos, o governo federal também vai cobrir os custos das operações.

 

Para Pedro Verdino, implementar esse programa aqui em Alagoas é uma vitória para o Banco do Cidadão. “É um reconhecimento muito importante para a instituição, que passará a ter condição de dar conta dessa grande demanda existente no Estado”, afirma o presidente do banco.

 

Durante a visita aos clientes do banco, o coordenador geral do Programa Bolsa Família no MDS, Franco Bernardes, disse que ficou impressionado com a experiência da instituição no Estado pelo fato de conseguir chegar a uma faixa da população que está mesmo à margem de tudo e pela baixa inadimplência.

 

 

Além de conhecer a experiência de Alagoas, o grupo de trabalho também vai ver de perto o programa de uma instituição de Santo André, no interior paulista. A parceria com o Banco do Cidadão deve ser oficializada nos próximos noventa dias, quando o governo federal tiver iniciado a abertura das contas-correntes dos beneficiários do Bolsa Família.